sábado, 19 de setembro de 2009


A transformação de Karl Marx - judeu, cristão, descrente.

Neste texto vamos mostrar a trajetória de Marx, de cristão praticante em Trier, ao findar o ensino básico em meados de 1835, com 17 anos, e dai indo para a universidade de Bonn estudar Direito no final deste mesmo ano.
Em 1836, em Bonn, a vida de Marx desvirtuou, e no final deste ano ele já tinha ficado descrente, surgiu nele uma revolta contra deus.
E mais ainda, sua cabeça tinha sido ocupada por enorme ódio contra judeus ricos e contra os bem sucedidos em geral.

O que aconteceu exatamente não se pode afirmar com total segurança, mas, vamos tentar relatar os acontecimentos e principalmente mostrar e analisar textos de Marx desta fase, para tentar chegar a uma conclusão das causas dessa transformação, que foram decisivas na sua formação e posterior conversão ao comunismo.

Obs. Este texto não tem a intenção de condenar o comportamento do jovem Marx em Bonn, isto era uma opção apenas dele.
Este texto tem a intenção de mostrar a verdade e desmentir mais uma "interpretação" mentirosa de marxistas a respeito de Marx.

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Karl Marx foi educado em casa até 13 anos, com essa idade ele entrou no Trier Gymnasium de sua cidade natal.


Casa onde Marx nasceu em Trier



Trier Gymnasium

Um pouco antes de ele sair do ginásio ele escreveu um ensaio com o seguinte título:

"The Union of Believers With Christ According to John 15: 1-14, Showing its Basis and Essence, its Absolute Necessity, and its Effects"

"Antes de analisar a base e essência e os efeitos da união de Cristo com os crentes, vamos ver se essa união é necessária, se é determinado pela natureza do homem, se o homem não pode por si mesmo atingir a finalidade para a qual Deus o colocou em liberdade.
.....
E os povos antigos, os selvagens, que ainda não ouviram o ensinamento de Cristo, revelam uma inquietação interior, um medo da ira de seus deuses, uma convicção interior de sua própria iniqüidade, fazendo sacrifícios a seus deuses, imaginando que podem expiar os seus pecados por sacrifícios.
Na verdade, o maior sábio da antiguidade, o divino Platão, expressa em mais de uma passagem de um desejo profundo de um ser superior, cuja aparência poderia cumprir o insatisfeito procura da verdade e da luz.

Assim, a história dos povos nos ensina a necessidade da união com Cristo.

Quando consideramos também a história dos indivíduos, quando se considera a natureza do homem, é verdade que vemos sempre uma centelha de divindade em seu peito, uma paixão por aquilo que é bom, um esforço para o conhecimento, a nostalgia da verdade.
Mas as faíscas do eterno são extintas com o fogo do desejo; entusiasmo pela virtude é abafado pela voz tentadora do pecado, é desprezado, logo que a vida nos fez sentir a sua potência máxima; a busca pelo conhecimento é suplantada por uma base lutar por bens materiais, o anseio pela verdade é extinto pelo poder docemente lisonjeiro de mentiras, e assim lá está o homem, o único ser na natureza que não cumpre a sua finalidade, o único membro da totalidade da criação, que não é digno do Deus que o criou.
Criador benigno, e que não podia odiar seu trabalho, ele queria levá-lo para ele e ele enviou o Seu Filho, através de quem Ele proclamou a nós:

"Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (João 15:3).
"Permanecei em mim e eu em vós" (João 15:4).

Assim vemos como a história dos povos e uma consideração dos indivíduos provam a necessidade da união com Cristo, vamos examinar o última e a mais segura prova, a palavra de Cristo.

Em nenhum lugar Ele expressa mais claramente a necessidade de união com ele do que a bela parábola da videira e dos ramos, no qual Ele se chama a videira e nós os ramos. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, e por isso, Cristo diz: sem mim nada podeis fazer. Ele expressa isto ainda mais fortemente, dizendo:
"Se um homem não permanecer em mim", etc (João 15: 4, 5, 6).
.....

Quem não iria suportar o sofrimento com alegria, sabendo que, por sua permanência em Cristo, por suas obras, o próprio Deus é glorificado, que por sua perfeição o Senhor da criação é exaltado ? (João 15: 8.)

Portanto da união com Cristo dá exaltação interior, consolo no sofrimento, a garantia de calma, e um coração que está aberto para o amor da humanidade, tudo o que é nobre, tudo o que é grande, não por ambição, não por um desejo de fama, mas só por causa de Cristo.
Portanto a união com Cristo dá uma alegria que o epicurista se esforça em vão para derivar de sua filosofia frívola ou o mais profundo pensador das profundezas mais recônditas do conhecimento, uma alegria que só pela mente, ingênua criança que está ligado com Cristo e por meio dele com Deus, uma alegria que faz a vida mais elevado e mais belo. (João 15: 11)."
Karl Marx, Agosto de 1835.


Depois que Marx saiu do ginásio ele se matriculou, com a idade de 17 anos, na Universidade de Bonn, que se situa perto de Trier, para estudar Direito.
Marx queria mesmo era estudar filosofia e literatura, mas seu pai desaprovou.

Pouco depois de seu décimo oitavo aniversário Marx foi dispensado do serviço militar por causa de seu "peito fraco", mas, ele pode ter exagerado a sua condição - a maior pista dessa suspeita é reforçada por uma carta de seu pai, aconselhando-o sobre a forma de esquivar-se do serviço militar: "Querido Karl, se for possível, você deve providenciar atestados médicos de médicos bons e competentes, você pode fazer isso de forma consciente ... Mas, para que você seja coerente com sua consciência, não fume muito.".

Certamente sua deficiência não iria prejudicar as suas diversões estudantis desvairadas.
O seu "Certificado de Aptidão" emitido após um ano na Universidade de Bonn, ao elogiar suas realizações acadêmicas (diligência excelente e atenção), observou que "ele sofreu a punição de detenção de um dia por perturbar a paz devido a violência e embriaguez a noite".


Certificado da Universidade de Bonn

Porém, as autoridades universitárias não sabiam da missa a metade...
Na verdade, o "Clube dos Poetas" - onde Marx entrou no seu primeiro trimestre da universidade - não era uma associação "proibida", mas também não era tão inocente como o nome sugere: a discussão da poesia e da retórica era uma cobertura para muita conversa sediciosa.
Sobre isso, seu pai lhe escreveu - "Seu pequeno círculo de amigos, mais do que você quer me fazer crer, me parece muito mais do que simples encontros de cervejaria", Heinrich Marx talvez imaginasse que tivesse a sorte de que seu filho aproveitasse melhor seu tempo com um debate literário sério...

Marx também foi co-presidente do "Taverna Trier Club" (Landsmannschaft der Treveraner), uma sociedade composta por cerca de trinta estudantes de Trier matriculados na universidade de Bonn, cuja principal ambição era chegarem bêbados e desvairados com a maior freqüência possível, foi depois de uma de suas orgias que o jovem Karl foi detido por vinte e quatro horas, apesar da prisão não ter impedido seus amigos de levarem a ele na cadeia ainda mais bebida e baralho para facilitar a sua sentença.


Membros do "Taverna Trier Club"

Durante 1836 houve uma série de brigas em bares entre a gangue de Trier e um grupo de jovens chamados de "Korps Borussia", cuja intenção era forçar os alunos bagunceiors a se ajoelharem e jurarem fidelidade à aristocracia prussiana.
Marx comprou uma pistola para se defender contra essas humilhações, e quando ele visitou Colônia em Abril de 1836, a "arma proibida" foi descoberta durante uma busca policial.
Apenas uma carta de seu pai ao juiz de Colônia pedindo humildemente a sua absolvição evitou um processo contra Marx.
Dois meses depois, em uma outra briga com os Borussia Korps, Marx aceitou o desafio para um duelo.
O resultado dessa disputa entre um míope e um soldado treinado era muito previsível, Marx teve a sorte de sair do duelo apenas com uma pequena ferida acima do olho esquerdo.
Desesperado seu pai lhe escreveu perguntando - "Duelos estão intimamente entrelaçados com a filosofia ?"
"Não se deixe levar por essa inclinação, ou mais ainda, essa loucura, lhe tomar raiz. Você poderá ao final, causar danos a você mesmo e a seus pais e privar-se das melhores esperanças que a vida oferece.".

A verdade é que Marx tinha deixado sua família de lado.
A distância (no modo de pensar) entre eles pode ser avaliada por uma carta de seu pai de março 1837, sugerindo a Karl fazer seu nome escrevendo uma ode heróica:
"Deve redundar em honra para a Prússia e oferecer a oportunidade de atribuição de um papel para o gênio da monarquia ...
Se feito com um espírito alemão patriótico e com profundidade de sentimento, como uma ode seria por si só suficiente para estabelecer as bases para uma reputação ".

Será que o velho pai realmente achava que seu filho gostaria de glorificar a Alemanha ou a monarquia?
Talvez não. "Só posso propor, aconselhar", ele admitiu com tristeza.
`Você se desvencilhou de mim, nesta matéria você é em geral superior a mim, então eu devo deixá-lo decidir como você será.", ele escreveu em outra oportunidade.

Heinrich Marx morreu com idade de 57 anos, em 10 de Maio de 1838. Marx não compareceu ao funeral.
A viagem até Ttier seria demasiado longa, explicou ele, e ele tinha coisas mais importantes a fazer.

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Marx, embora não tivesse talento para a poesia, escreveu muitos poemas na sua juventude.

Dedicatória no "Book of love"

Estão quase todos no site do marxist.org.
A fonte dos textos aqui apresentados vem, em sua maioria, dessa organização, originalmente em inglês.

Em tais escritos, podemos ver a mudança de adolescente cristão praticante para um adulto raivoso contra deus e contra a "obra de deus" - a humanidade.

Nos títulos e nos textos, onde quase sempre estão as palavras "deus" e "demônio", já podemos notar uma mente perturbada, que ao sair da casa paterna e se defrontar com a realidade do mundo "lá fora", entrou em desespero, ficou doente.

Só que essa mente não era qualquer uma, era uma mente com excelente memória, povoada de artifícios retóricos e que tinha enorme habilidade de convencimento com a palavra escrita e falada, e esta mente, agora doente, seria usada para destruir a sociedade que a magoou.

A família de Marx foi até quando ele tinha 6 anos de idade, da religião judaica, por motivos profissionais, seu pai precisou se converter a religião cristã protestante, e Marx foi batizado como cristão e recebeu os ensinamentos cristãos.
Vamos ver essa trajetória de Marx.


1835 em Trier.

Em Agosto 1835, ainda em Trier, Marx escreveu para seu pai.

“Pensamentos de um jovem diante da escolha de uma profissão”:
(Reflections of a Young Man on the Choice of a Profession)


manuscrito

História chama tais homens de os melhores e que se enobreceram por trabalhar para o bem comum; a experiência aclama como o homem mais feliz aquele que faz o maior número de pessoas felizes, a própria religião nos ensina que o ideal é que todos se esforçam e se sacrifiquem para o bem da humanidade, e quem se atreveria a pôr em dúvida esses julgamentos ?
Se tivermos escolhido uma posição na vida em que podemos fazer a maioria dos trabalhos para a humanidade, sem dúvida nada pode nos deixar tristes, porque são sacrifícios para o benefício de todos, então não teremos nenhuma experiência mesquinha, sem alegria, egoísta, mas a nossa felicidade pertencerá a milhões de pessoas, nossas ações vão viver em silêncio, mas perpetuamente no trabalho, e sobre as nossas cinzas serão vertidas as lágrimas quentes de pessoas nobres.

Ao sair da escola secundária, com 17 anos, Marx tinha grandes conhecimentos sobre religião.
Estava também calmo, tranquilo, suas palavras eram normais, eram palavras de uma pessoa religiosa e em paz.

Também em Agosto de 1835, Marx escreveu um texto sobre o imperador romano Augusto.

"Será que o reinado de Augusto deve ser avaliada entre os períodos mais felizes do Império Romano ?"

"Aquele que procura saber o que a época de Augusto foi tem muitas coisas pelas quais ele pode julgá-la: em primeiro lugar, a comparação com outros períodos da história romana, pois se for demonstrado que a época de Augusto, foi semelhante aos períodos anteriores, que são denominadas felizes, ao contrário daqueles em que, segundo julgamentos contemporâneos e recentes, a moral tinha mudado e se tornado pior, o estado foi dividido em facções, e até mesmo derrotas foram sofridas na guerra, a partir delas uma conclusão pode ser tirada sobre a época de Augusto, então deve-se perguntar o que diziam os antigos sobre o assunto, ver o que foi realizado pelos povos estrangeiros sobre o império, se eles o respeitaram ou desprezaram, e, finalmente, qual era o estado das artes e das ciências.
......

Chegamos agora ao julgamento dos antigos sobre a época de Augusto.
Ele se chamou a si próprio de divino, e considerado não como um homem, mas sim como um deus. Isso não poderia ser dito, se um se invocarmos o testemunho de Horácio, mas o ilustre historiador Tácito também fala de Augusto e de sua época com o maior respeito, a maior admiração e até mesmo com amor.

Em nenhum outro momento as artes e as letras floresceram mais, pois naquela época vivia um grande número de escritores de quem, a partir dos quais todos os povos tiveram como origem seus conhecimentos.

Desde que, portanto, o Estado parece ter sido bem dirigido, por governante desejosos de felicidade para o povo e por suas posições de autoridade pública ocupada pelos melhores homens, uma vez que, além disso, a época de Augusto parece não ser inferior ao dos melhores períodos de história romana,

mas diferente dos piores, e mesmo que os grupos divergentes tenham cessado, enquanto que as artes e as letras floresceram, a época de Augusto, merece ser cotada entre os melhores épocas e o homem tido em grande estima, apesar de tudo ser permitido para ele, no entanto, após sua ascensão ao poder, ele teve apenas um objetivo, garantir a segurança do Estado."

Até então, Agosto de 1835, temos um Marx calmo, religioso, que escrevia com tranquilidade e usava um discurso amigável e cultural.


1836 em Bonn.


Universidade de Bonn

No final de 1835 Marx entrou na Universidade de Bonn matriculado no curso de Direito - longe de casa - Marx caiu na gandaia...
Muitas festas, muita bebida, muitas brigas, muitas orgias, muito tabaco e ... muitas dívidas.
Marx a partir dai, por toda a sua vida, bebeu muito vinho e fumou excessivamente, e também, por toda a vida, viveu fugindo dos cobradores.

A falta de dinheiro para satisfazer suas orgias festivas, comprar bebidas e charutos, e a humilhação das dívidas para agiotas judeus, fez surgir em Marx o ódio contra os judeus religiosos e ao deus judeu, e por deferência ao deus cristão.


Vejamos dois escritos de Marx subsequentes - já descrente e com muito ódio na cabeça:


Meu mundo (Setembro de 1836)

A humanidade minha nostalgia não poderá nunca tranqüilizar,
Nem tão pouco os Deuses com suas magias abençoadas,
Maior que eles é a minha própria Força,
De forma vigilante em meu peito.

Eu bebi todo o brilho de radiantes estrelas,
Todas as luzes solares eu expeli,
Mas minhas penas ainda querem recompensa,
E que meus sonhos sejam realizados.

Portanto !
Me preparo para uma enorme batalha
Como um Encantado a vagar
Sábio demônio andando por lugares nebulosos
Rumo a um objetivo que não está próximo.

Mas apenas pedras mortas e ruínas
Dominam todos os meus anseios,
Onde em um brilho celeste radiante
Todas as minhas esperanças atuais, sempre queimam.

Eles são nada mais do que estreitos locais
Envolvidos e rodeados por pessoas tímidas,
Onde está a fronteira dos meus sonhos,
Onde minhas esperanças chegam ao fim da jornada.

Jenny, você pode perguntar o que as minhas palavras dizem,
O que se esconde dentro delas ?
Ah! Não tem utilidade falar delas,
Fútil mesmo de começar.

Olhe para estes olhos teus tão brilhantes,
Mais profundos do que o fundo do Céu,
Mais claros do que própria luz do sol
E a resposta será dada.

Ousar ter alegria na vida e ser leal,
Apenas aperte sua própria doce mão;
Você mesmo deverá encontrar a resposta,
As longínquas terras do meu Paraíso.

Ah !
Quando teus lábios apenas suspiravam por mim,
Apenas uma palavra calorosa pode ser dita,
Então eu entrei em um louco êxtase,
Sem saídas eu fui levado.

Ha!
Em corpo e alma eu estava doente,
No fundo da minha alma,
Como um Demônio, quando o Supremo Mágico,
Golpeia com brilhantes flechas encantadas

Assim, porque as palavras devem tentar forçar, em vão,
Existência profunda e nebuloso caixão,
Que é infinito, como a dor da nostalgia,
Solitário como o Todo.

Transformação (Novembro de 1836)

Os meus olhos estão tão confusos,
Meu rosto está tão pálido,
Minha cabeça está tão confusa,
Um reino imaginário.

Eu queria, com coragem desafiar,
Seguir por caminhos mares afora
Onde centenas de penhascos se levantam,
E uma vazia e gelada inundação flui.

Agarrei-me a pensamentos elevados,
Em suas duas asas eu viajei,
E embora os ventos da tempestade tugissem,
Todos os perigos eu desafiei.

Eu não vacilei lá,
Mas nunca fiz sobre pressão
Com selvagens olhos de águia eu encarei
Em viagens ilimitadas.

E embora as sereias tocassem
Sua música tão carinhosa
Que aos corações ela conquista--
Eu não dei atenção ao seu som.

Eu virei meus ouvidos para longe
Destes doces sons que ouvi,
Meu íntimo não aspira
A uma recompensa mais elevada.

Infelizmente, as ondas se moveram rápido,
Em repouso, elas não estiveram;
Varreram para lá de muitas formas
Demasiadas rápidas para eu ver.

Com mágicos poderes e palavras
Eu lancei os feitiços que eu sabia,
Mas diante das ondas ainda rugindo,
Eles desapareceram da minha visão.

E pelo dilúvio fui pressionado,
E tonto com a visão,
Eu cai diante daquele anfitrião
Na noite escura.

E quando eu me levantei novamente
De inútil labuta, finalmente,
Meus poderes todos tinham ido embora,
E todo o brilho do coração perdi.

E trêmulo, pálido, eu espero
Ver o meu próprio coração,
Por nenhuma canção qualquer
Seja minha aflição abençoado.

Minhas músicas ficaram ausentes, carentes;
A mais doce arte tinha ido embora --
Nenhum Deus a vai trazer de volta
Nem graças do Imortal virão.

O Fortaleza caiu, afundou,
A ousadia não subsistirá;
O brilho ardente foi afogado,
Esvaiu-se no seio da terra.

Em seguida, brilhou o seu esplendor,
A mais pura luz da alma,
Quando, em uma dança de mudança
Em volta da Terra os céus giram.

Eu estava em cativeiro amarrado,
Então, tive a minha visão clara,
Por que eu tinha realmente encontrado
O que os meus negros esforços são.

Minha alma ficou mais forte, mais livre,
Longe dos braços de minha mãe
Em triunfo celeste,
E de felicidade pura.

Meus espíritos aqui e lá
Levantaram-se jubilosos e alegres,
E, como um feiticeiro,
Os destinos eu mudei.

Eu deixei as ondas que se precipitam,
As tormentas que mudam o fluxo,
No alto do penhasco se quebrar,
Mas salvei o brilho interno.

E o que minha alma, decidiu,
Nunca fugir do alcance
Do que para meu coração foi dado,
Foi concedido pelo seu semblante.


....

Vejamos ainda o que Marx escreveu, em 1844, a respeito disso e que nos faz acreditar, com boa lógica, nessa possibilidade:

"O dinheiro é o Deus zeloso de Israel, ao lado do qual nenhum outro deus pode existir.
O dinheiro rebaixa todos os deuses da humanidade e os transformam em mercadorias.
O dinheiro é a auto-suficiente valor de todas as coisas.
Tem, portanto, privado não só o mundo dos humanos como também o mundo da Natureza, do seu valor próprio.
O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência humana: esta essência o domina e ele adora isso.
O Deus dos judeus (o dinheiro) foi secularizado (deixou de ser divino) e se tornou o deus do mundo ".
Karl Marx, Sobre as questões judaicas, 1844.

De qualquer forma, fica evidente, que a transformação de Marx em um ser com raiva de deus e da humanidade (religiosa), em especial dos judeus, a transformação de um jovem religioso em um descrente angustiado e perturbado, aconteceu no primeiro semestre de 1836 em Bonn, quando ele estava com 17-18 anos.

Temos então:

1 - A mudança radical na sua vida pessoal, que em Trier era ordeira e calma, e em Bonn, de uma hora para outra, virou um forte turbilhão de emoções desenfreadas;
2 - A raiva contra aqueles que tinham dinheiro e podiam desfrutar da vida como quisessem;
3 - A raiva contra aqueles que tanto falavam em religião, em deus, mas que, eram apegados ao dinheiro que lhe emprestavam, lhe cobravam juros, eram irredutíveis quando se tratava de dinheiro;
4 - A humilhação de um jovem orgulhoso, mas, endividado sendo cobrado diante de amigos por agiotas judeus religiosos;

Estas foram as causas da transformação de Marx !

Uma motivação, diga-se, corriqueira entre humanos, milhões de humanos sentem essa mesma raiva que Marx sentiu contra os bem sucedidos !
Aos quais eventualmente precisam pedir empréstimos...
Aos quais culpam pelas desventuras que sofrem.
Essa é uma das principais desgraças da espécie humana - a inveja.

A diferença é que Marx, devido ao seu exacerbado orgulho pessoal, formou tamanho ódio que com total ausência de escrúpulos o levou a criar uma ideologia cega com a finalidade de destruir a sociedade, uma sociedade para ele má, que não lhe dava o que ele queria, que o humilhava.
Passou a odiar também a deus, que ele até então amava e respeitava, mas que, quando ele precisou dele, não o socorreu diante da maldade da sociedade que se dizia religiosa e bondosa.

Temos que fazer uma observação importante, em 1836 Marx ficou descrente e adquiriu raiva contra a sociedade religiosa, mas, ele ainda não era comunista.
Ele ainda nada dizia contra o "capitalismo", até então.

O fato mais importante.

O mais importante destes fatos, é que eles desmentem os "estudiosos" do marxismo que atribuem o início do ateismo de Marx ao seu contato com os "jovens hegelianos" em Berlin.
Isto não é verdade.
A transformação do caráter de Marx aconteceu muito antes disso, aconteceu no primeiro semestre de 1836 em Bonn.
A partir dai Marx passou a odiar os judeus, se distanciou do próprio pai, passou a odiar os que tinham dinheiro, e passou a odiar ao deus que ele acredita, mas que, o abandonou.
Isso é muito importante porque todo o ódio marxista contra a sociedade, que o moveu a imaginar uma doutrina cega, que premeditava uma mudança revolucionária na humanidade, surgiu a partir desta mudança de personalidade - humana - que aconteceu em Bonn quando Marx tinha 17-18 anos, em 1836.

Fica claro diante dos fatos, diante dos textos que Marx escreveu que veremos a seguir, que - não foi nenhuma filosofia hegeliana - que moldou o caráter "revolucionário" de Marx, Marx foi mudado pelos turbulentos acontecimentos pessoais entre o final de 1835 e o início de 1836 em Bonn.


Outro texto de Marx escrito em 1836, descrente em deus e tomado pelo ódio.

Sentimentos (Dezembro de 1836)

Eu nunca posso estar em paz
Com isso que minha alma está obcecada,
Nunca consigo levar as coisas de acordo com a minha vontade;
Devo expulsar isso de mim sem descanso.

Os outros só tem elevação,
Quando as coisas vão bem,
Libertos com auto-congratulação,
E agradecem a cada vez que rezam.

Estou preso em disputas intermináveis,
Uma infinidade de sonhos e pensamentos
Eu não consigo me adaptar a vida.
Não caminharei nesta correnteza.

O céu eu desejo compreender,
Eu desejo atrair o mundo para mim;
Eu pretendo fazer isso amando, odiando;
Que a minha estrela seja muito brilhante.

Eu farei tudo o possível para vencer,
Conto para isso com a benção dos deuses,
Agarro todos os conhecimentos interiores,
Para entrar nas profundezas do mundo.

Mundos que eu desejo destruir para sempre,
Já que eu não posso criar mundo,
Já que minha convocação nunca é noticiada,
Vou fluir mudo no turbilhão de magia.

Mortos e mudos, olham de longe
Com desprezo as nossas ações
A nós e as nossas obras decadentes.
E vagueiam por caminhos insensatos.

Seus destinos eu nunca dividirei,
Varridos pela enchente das marés,
Dentro do nada precipitam-se sempre,
Nervosos e com suas glórias e vaidades.


1837 em Berlim

Seu pai, assustado com a transformação de Marx, aceitou que ele parasse o curso de Direito e fosse para Berlim fazer Filosofia, mas, isso não adiantaria de nada, o filho que ele havia tido em Trier, havia se perdido para o mundo.


Universidade de Berlim

Em 1837 Marx escreveu vários poemas.

"Oração de alguém em desespero"
(Invocation of One in Despair)

Então, um deus arrancou tudo de mim
Numa tortuosa maldição do destino
Todos os teus mundos são apenas lembrança !
Apenas a vingança resta para mim !

Em mim se expressará orgulhosamente a vingança
Sobre este ser conclamado como Senhor,
Que minha força faça do que é fraco uma colcha de retalhos.
E deixe o melhor de mim sem recompensa !

Vou construir o meu trono lá no alto,
Frio, enorme deve ser seu cume.
Por seu baluarte - temor supersticioso,
Pra sua orientação - sombria agonia.

Quem olhar para ele com um olhar saudável,
Cairá para trás, atingido mortalmente pálido e mudo;
Tomado por mortal cegueira e calafrios
Tomara que tua alegria prepare teu túmulo.

E relâmpagos poderosos resplandecerão,
A partir desse gigante de ferro maciço.
Se ele quiser destruir minha fortaleza.
A Eternidade os levantará desafiadora.
....

Marx escreveu também o drama chamado “Oulanem” em 1837:

Vapores infernais sobem e preenchem o meu cérebro,
Até eu enlouquecer e o meu coração se transformar dramaticamente.
Vê esta espada?
Foi o Rei da escuridão
Quem me vendeu.
........

Pois ele está marcando o tempo e dando sinais.
Cada vez mais agitado executo a dança da morte.
E eles também: Oulanem, Oulanem.
Este nome soa como a morte,
Soa até não se reter em formas miseráveis.
Alto! Agora o tenho. Ele se ergue da minha alma,
Claro como o ar, duro como os meus ossos.
E, ainda, personifica a humanidade,
Eu poderia tomá-lo pela força das minhas mãos poderosas e esmagar com força feroz.
No entanto, enquanto o abismo se abre diante de mim e tu na escuridão,
Tu cairás e eu te seguirei.
Rindo e sussurrando em teu ouvido: “Desça comigo, amigo!”
.........

Arruinei-me, arruinei-me.
O meu tempo se esgotou.
O relógio parou, a pequena construção ruiu.
Logo abraçarei a eternidade, e com um bramido
Ganirei gigantesca maldição para toda a humanidade.

Hah, eternidade, nossa dor eterna,
Morte indescritível, imensurável!
Odioso, concebido artificialmente,
Para nos desprezar
Nós, que nós mesmos, como mecanismo do relógio
Cegamente mecânico, criado para ser
Calendários tolos de tempo e espaço,
Sem qualquer finalidade,
Além de manifestação acidental para a destruição.

No final do drama “Oulanem” Marx escreve:

Hah! Torturado sobre a roda de fogo,
Devo dançar alegremente no círculo da eternidade:
Se houvesse algo além disso,
Eu me jogaria, mesmo que tivesse que destruir o mundo para consegui-lo.

Construído entre ele e eu !
Deve ser destruído com maldições.
Eliminarei a existência teimosa pelas minhas mãos.
Abraçando-me, ele calmamente desapareceria.
E então – descer ao lugar nenhum.
Desaparecer completamente, e não ser – isto seria – a vida.

Na tragédia Oulanem, Marx amaldiçoa toda a humanidade.
Todos os participantes do drama sabem da sua perversidade e se divertem nela como numa festa.

Outros poemas de Marx de 1837:

Epigrama

I

Em sua poltrona, confortavelmente estúpido,
está sentado, mudo, o povo alemão.
Brama a tempestade para cá, para lá,
fica nublado o céu, escuro e ainda mais coberto.

Sibilam os raios, serpenteando,
e nada importa ao seu espírito.
Porém, quando o sol desponta,
os ventos sussurram, a tempestade acalma-se.
O povo então se levanta, grita
e escreve um livro: "o barulho passou".
Começa a fantasiar sobre isso,
quer sentir o elemento da coisa,
pensa que não é a maneira certa,
diz que o céu também brincava bastante esquisito,
que deve fazer tudo mais sistematicamente,
esfregar primeiro a cabeça, depois os pés.
Porta-se até como criança,
procura coisas, que apodreceram,
teria, ao mesmo tempo, de compreender a atualidade,
deixar o correrem céu e a terra,
que apenas seguiam seu curso normal,
enquanto a onda estoura tranqüilamente sobre as pedras.

II.

Em Hegel

1

Porque descobri o mais alto e encontrei a profundeza, refletindo,
sou rude, como um deus, cubro-me de escuro, como deus.
Por muito tempo investiguei e boiei nas ondas do pensamento,
e então achei a palavra, e não a solto.

2

Ensino palavras, misturadas em movimento diabolicamente perturbado,
Então que todos pensem o que quiserem pensar.
Pelo menos, o poeta não é mais limitado pelas barreiras, que o encadeiam.
Inventa as palavras e pensamentos das pessoas amadas,
como se fossem águas bramindo, caindo da rocha,
e o que pensa e reconhece, e o que sente, cria.
Toda pessoa pode sugar o refrescante néctar da sabedoria;
Agora você sabe de tudo, porque antes eu não havia dito nada para você "

3

Kant e Fichte vão com prazer ao espaço,
procuraram lá um país distante,
porém, eu só tentei entender bem,
o que achei – na rua!

4

Perdoai a nós, que fazemos epigramas,
quando cantamos fatais melodias.
Temos estudado Hegel,
e ainda não purgamos sua estética.

III

Os alemães uma vez partiram,
até alcançaram a vitória sobre os povos.
E, quando isso aconteceu,
podia-se ler em todos os cantos:
“Aconteceram coisas estranhas,
ir-se-á logo em três pernas.”
Todos então enormemente se afligiram,
começaram a ter vergonha deles próprios,
“É que coisas demais aconteceram de uma vez,
tem-se que andar bem calmo outra vez
e o resto poderia ser encadernado em livros.
Fregueses decerto seriam facilmente achados.”

IV

Tirai deles as estrelas por vós próprios,
logo palidamente ardem, depois vivamente demais;
o sol logo queima os olhos,
e logo está por demais longe.

V

Assim criticaram Schiller,
que não pode deleitar bastante humanamente,
que também leva as coisas alto demais,
e não trabalha como devido nos dias úteis.
Diz-se que decerto brinca com relâmpago e trovão,
mas a ele falta completamente a graça das ruas.

VI

Porém, Goethe é excessivamente belo,
prefere ver Vênus a ver farrapos,
e, apesar de que comece em nível baixo
tem-se obrigatoriamente que se elevar à altura;
dá às coisas uma forma sublime,
e por isso falta toda a consistência da alma.
Pois Schiller fora melhor,
o público podia ler as idéia em letras
e dizer que foram impressas,
mesmo que não encontrasse a profundeza.

VII

Sobre uma certa careca

Pallas Athene, sublime no impulso da vitória,
saltou da testa de Zeus, cheia de pensamentos,
como um raio nascido do relâmpago,
e faísca, da distante sede das estrelas.
E ela, penetrada de desejo,
pulou em sua cabeça,
E se Zeus, não venceu na profundeza,
sabe com certeza, que por cima dele se encontra Pallas Athene.

VIII

Pustkuchen
(Falsos anos de peregrinação)

1

Schiller, pensa ele, foram menos de um furo
Se só ele ler mais a Bíblia.
Poderíamos ter nada além de elogios para o sino
Se ele contou com a ressurreição, bem como,
Ou como disse, em um burrico,
Cristo na cidade não passam;
Embora a derrota dos filisteus para Davi
Teria acrescentado algo de Wallenstein.

2

Goethe é um horror para mulheres,
pois não combina direito com as velhas;
ele só agarrou a natureza
e não a poliu com a moral.
Deveria ter estudado o catecismo de Lutero,
e daí então fabricar versos.
Embora tenha às vezes percebido o belo
esqueceu de dizer: “Deus o fez.”

3

Estranho o interesse
de estimar tanto Goethe.
Ignóbil foi mesmo sua grande aspiração.
Já deu ele sentido aos sermões?
Apresentam-se nele firmes núcleos,
com os quais o camponês e o sapateiro podem aprender,
mas Goethe não tem o cunho divino dos gênios,
nem resolveu um problema de aritmética.

4

Ouvi agora como tudo do Fausto se evadiu
e o poeta erroneamente o cantou.
Fausto tinha demais dividas,
foi desmazelado, dedicava-se ao jogo de azar,
e quando não viu qualquer ajuda dos céus,
quis vergonhosamente perecer,
e por isso ficou com medo
do inferno e da tristeza do desespero.
Então pensou sobre a vida e a morte,
A sabedoria, a ação e a perdição,
e até falou muito
no sentido obscuro e místico.
Se o poeta não o podia ornar,
não podia contar como dividas levam ao diabo,
e como aquele, que perde o crédito,
vende facilmente sua salvação!

5

Fausto ousa pensar, no dia de Páscoa.
Assim, não necessita ele se dar como dádiva ao diabo!
Quem ousa pensar em dias como esse
é pelo próprio inferno recusado.

6

Também a probabilidade foi golpeada.
Poderia a policia senão o tolerar?
Não o teria posto na prisão?
Ele viajou e não paga as dividas!

7

Só o vício pode elevar Fausto,
porque ele só quer viver para si mesmo.
Ousou duvidar de Deus e do mundo
e esqueceu que Moisés bem o segura.
A estúpida Grete tinha de amá-lo,
ao invés de apelar diretamente para a sua consciência,
quando ele caiu à mercê do diabo
e o dia do Juízo logo chegasse.

8

Ainda poderia ser usada a “bonita alma”,
mas ainda tem de ser apoiada com óculos e barrete de freira.
“O que deus faz, faz bem!”
Assim começa o verdadeiro poeta.

Concluindo o Epigrama na fumaça da padaria.

Então, amasse o bolo da forma que você puder,
Você nunca será mais do que um padeiro.
E, afinal, quem lhe pediu
Para emular Goethe a maneira que você faz ?
Como se ele não soubesse nada de sua profissão,
De onde veio o seu gênio e sua percepção?


O Violinista

I

O Violinista toca as cordas,
Seu cabelo castanho-claro ele joga e balança.
Ele carrega uma espada ao seu lado,
Ele veste um hábito de pregas largas.

"Violinista, por que o som frenético ?
Por que você olha tão loucamente ao redor ?
Por que pula seu sangue como um mar agitado ?
O que o leva a uma reverência tão desesperada ?

"Por que você toca ?
Ou (por que) o barulho de ondas selvagens ?
Para que possam martelar a costa rochosa,
Aquele olho está cego, aquele seio inchado,
Esse grito da alma a leva para o Inferno."

"Violinista, com desprezo você rasga seu coração.
Um Deus radiante lhe emprestou sua arte,
Para deslumbrar com ondas de melodia,
Para elevar ao céu sua dança luminosa."

"Como assim! Eu enfio, enfio sem falha
Minha espada negra-sangue em sua alma.
Que a arte de Deus nem quer obscurecer,
Ela salta da cabeça para as névoas negras do Inferno."

"Cultiva corações enfeitiçados, cultiva sentidos reais:
Com Satanás eu descobri meus ideais,
Ele dá os sinais, dá o compasso para mim,
Eu toco a marcha da morte livre e rápida."


"Eu devo tocar escuridão, eu devo tocar luz,
Até que ascordas quebrem meu coração sem dó"
O Violinista toca as cordas,
Seu cabelo castanho-claro ele joga e balança.
Ele carrega uma espada ao seu lado,
Ele veste um hábito de pregas largas.


Parte de uma carta para o pai desse período.



Berlim, 10 de novembro de 1837.

......

E, no entanto nestes últimos poemas, são os únicos em que, de repente, como que por um toque de mágica - oh, foi acima de tudo uma ruptura - avistei o reino resplandecente da verdadeira poesia como um palácio de fadas longínquo, e todas as minhas criações desmoronaram em nada.

Ocupado com estas várias tarefas, durante meu primeiro trimestre escolar eu passei muitas noites sem dormir, travei muitas batalhas, e sofri com muita excitação interna e externa.
No entanto, no final, não saí muito enriquecido, e além disso eu tinha negligenciado a natureza, a arte e o mundo, e fechei as portas a meus amigos.

As observações acima parecem ter sido feitas pelo meu corpo.
Fui aconselhado por um médico a ir para o campo, e foi assim que, pela primeira vez eu percorri toda a extensão da cidade até o portão e fui para Stralow.
Eu não tinha idéia de que eu encontraria maturidade por lá a partir de um homem fraco e anêmico em um homem de força física robusta.

Uma cortina caiu, meu santo dos santos foi de mim arrancado, e novos deuses tiveram de ser instalados.

A partir do idealismo que, por sinal, eu tive relação e alimentei com o idealismo de Kant e Fichte, cheguei ao ponto de tentar a idéia no mundo real.
Se antes os deuses habitavam sobre a terra, agora eles se tornaram seu centro.

Durante alguns dias minha aflição fez-me completamente incapaz de pensar, eu corri loucamente no jardim, na água suja do Rio Spree, que "lava a alma e dilui o chá".
Eu me juntei ao meu senhorio em uma excursão de caça, fomos para Berlim e queriamos abraçar todas as desocupados da rua.
.....

...desculpa minha caligrafia ilegível e estilo ruim, são quase 4 horas, a vela já derreteu-se para fora, e meus olhos estão fracos, uma inquietação real tomou posse de mim, não vou ser capaz de acalmar os espectros de turbulência até que eu esteja com vocês que são queridas para mim.


.

Marx conheceu Engels pessoalmente em Setembro de 1844 em Paris, Engels já era socialista-comunista desde Outubro de 1842 quando Moses Hess o converteu ao comunismo.


Moses Hess, o doutrinador de Engels

É interessante que só foram se conhecer em 1844, pois já em 1842 ambos escreviam para o jornal Rheinische Zeitung.
Nos artigos ja se via o socialismo-comunismo em Engels, Marx porém, centrava seus artigos em críticas aos acontecimentos da política alemã.

Neste mesmo mês (09/1844) Marx se encontrou também, pessoalmente pela primeira vez, com Proudhon, nos meses subsequentes Marx iria ter longas conversas com Proudhon.
Depois, ficaria inimigo dele até depois de sua morte.


Proudhon, de quem Marx pegou o conceito de propriedade privada como fonte da exploração.

Marx até o início de 1844, apesar de estar ligado aos "jovens hegelianos" de esquerda (Feuerbach, Bruno Bauer, dos quais também ficou amigo, mas, em seguida se tornou inimigo pelo resto da vida) desde a universidade, tinha apenas ficado descrente e adquirido aversão a sociedade religiosa (desde 1836), mas, não tinha ainda aderido ao socialismo-comunismo.
Podemos constatar isso a partir dos artigos/livros que escreveu até então, que foram:

On Freedom of the Press (escrito em Março de 1842)

Critique of Hegel's Philosophy of Right (escrito entre 1843-44)

Comment on James Mill (escrito no início de 1844)

A partir de Abril de 1844, já nos Manuscritos Econômico Filosóficos, Marx iniciou a sua crítica a sociedade capitalista, e a partir do início da sua amizade com Engels e Proudhon em Setembro de 1844, Marx se tornou, definitivamente, um socialista-comunista.


Vejamos o que Marx diz sobre essa fase:

"Entre 1842-1843, na qualidade de redator da Rheinische Zeitung, encontrei-me pela primeira vez na obrigação embaraçosa de dar a minha opinião sobre o que é costume chamar-se de interesses materiais.
As deliberações do Landtag renano sobre os roubos de lenha e a divisão da propriedade imobiliária, a polêmica oficial que o Sr. Von Schaper, então primeiro presidente da província renana, sustentou com a Rheinische Zeitunh sobre a situação dos camponeses de Mosela e, finalmente, os debates sobre o livre-câmbio e o proteccionismo, forneceram-me as primeiras razões para me ocupar das questões económicas.

Por outro lado, nesta época em que o desejo de "ir para a frente" substituía frequentemente a competência, fez-se ouvir na Rheinische Zeitung um eco do socialismo e do comunismo francês, ligeiramente eivado de filosofia.
Pronunciei-me contra este trabalho de aprendiz, mas ao mesmo tempo confessei abertamente, numa controvérsia com a Allgemeine Augsburger Zeitung, que os estudos que tinha feito até então não me permitiam arriscar qualquer juízo sobre o teor das tendências francesas.
....
O primeiro trabalho que empreendi para esclarecer as duvidas que me assaltavam foi uma revisão crítica da Filosofia do Direito de Hegel, trabalho cuja introdução apareceu nos Deutsch-Französische Jahrbücher, publicados em Paris em 1844.
...
Friedrich Engels, com quem, desde a publicação do seu genial esboço de uma contribuição para a crítica das categorias econômicas (Outlines of a Critique of Political Economy) no Deutsch-Französische Jahrbücher (publicado no início de 1844), tenho mantido por escrito uma constante troca de ideias, chegou por outras vias (confrontar a situação das classes trabalhadoras na Inglaterra) ao mesmo resultado, e quando, na primavera de 1845, ele veio se estabelecer também em Bruxelas, resolvemos trabalhar em conjunto, a fim de esclarecer o antagonismo existente entre a nossa maneira de ver e a concepção ideológica da filosofia alemã; tratava-se de fato, de um ajuste de contas com a nossa consciência filosófica anterior.
....
Os pontos decisivos das nossas concepções foram esboçados pela primeira vez, ainda que de forma polemica, no meu texto contra Proudhon publicado em 1847 - Miséria da Filosofia."
Marx e Engels

***

Temos ai as origens do marxismo...
Não na filosofia, mas sim, no choque pessoal de Marx com a vida, na reação atormentada de um adolescente ao sair pela primeira vez da casa dos país e se ver no meio de uma tempestade emocional em Bonn - desgringolou, caiu na gandaia, em brigas, em orgias, na bebida, em dívidas...

É muito estranho, e muito prejudicial para a sociedade humana, que aqueles que estudaram o marxismo jamais tenham se dado conta desse fato...

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Fontes de parte das pesquisas do texto acima:

http://www.marxists.org/archive/marx/works/1837-pre/marx/1835chris.htm

http://www.newworldencyclopedia.org/entry/Karl_Marx

http://pubs.socialistreviewindex.org.uk/sr241/flett.htm

http://www.nytimes.com/books/first/w/wheen-marx.html

http://www.marxists.org/archive/



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